quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Inferioridade e Autoestima


A autoestima é a visão que temos sobre nós mesmos: aparência, modo de se expressar, nossas habilidades... É a nossa visão projetada, que pode ser tanto hiper-valorizada ou hipo-valorizada.

Essa visão própria pode ser benéfica ou atrapalhar nossa comunhão com as pessoas com quem nos relacionamos, aquilo que fazemos e, principalmente, vai atrapalhar nossa comunhão com Deus.

Precisamos entender as causas, identificar as conseqüências de não se ter uma autoestima equilibrada e saber através da Palavra de Deus como podemos combater nossos complexos de inferioridade.






1 – A pressão do mundo para que sejamos perfeitos – Satanás e o Édem (Gn3)

Éramos perfeitos, a imagem de Deus.  A inferioridade e a soberba eram nulas. Caráter, habilidades, aparência segundo a grandeza de Deus.

Satanás convenceu o homem que eles ainda não eram perfeitos. Faltava algo mais: Ser um Deus! Isso nos levou a uma limitação daquilo que somos, porque fomos criados.

Até hoje, somos pressionados a ter o corpo perfeito, a educação perfeita, desenvolver de forma excelente nossas aptidões profissionais, o melhor na igreja, ser o melhor filho, o melhor pai, o melhor irmão, o melhor cônjuge... é muita pressão! E é justamente o que Satanás quer fazer: tornar as pessoas frustradas jogando padrões inatingíveis de se chegar.

 2 – A síndrome do “NININI”

Dependendo de nosso temperamento (principalmente Fleumáticos e melancólicos), somos facilmente levados a passar uma vida inteira achando que somos os coitadinhos e que há uma conspiração contra nós. E isso se dá a alguns motivos além do temperamento em si:
      ·         Nosso relacionamento com os pais principalmente na infância – a formação do caráter
      ·         Nossas experiências com o meio em que vivemos – Nossas frustrações
      ·         O pecado; o repetido sentimento de culpa
      ·         Perfeccionismo – Tentar fazer além da capacidade
São fatores que nos influenciam a ter uma visão negativa sobre nós e, mesmo quando as pessoas falam que somos capazes, achamos que é apenas uma forma de consolo e só acreditamos na imagem projetada em nosso “espelho”.


3 – A dificuldade nos relacionamentos: Com Deus; com os outros e consigo mesmo.  E o que fazer?

      a)    Com Deus – Jeremias 31:3

O primeiro sentimento que temos com relação a Deus quando estamos com baixa auto-estima é achar que somos insignificantes demais e Deus não está preocupado com nossas dificuldades.
Precisamos entender que Deus é Deus, seu amor é incondicional e eterno. Seu perdão é eficaz e, se nascemos, se temos o nosso temperamento, é porque Deus quer nos usar naquilo que ele nos capacitou. Deus não exige de nós a perfeição, saber exercer todos os dons, ficar sem pecar...O que Ele espera de nós é a total dependência a Ele, ou seja, fidelidade incondicional e buscando alcançar constantemente a santidade.
Se pecarmos, sofreremos as conseqüências vem, mas o amor de Deus lança fora todo medo e culpa.

      b)    Com os outros – Êxodo 3

A maioria das pessoas com complexo de inferioridade tende a se retrair e sofrer seriamente com depressão. Esse isolamento é causado pelo fato delas se sentirem incapazes de se relacionar, achando que não tem nada de bom, nada de atraente para oferecer ao próximo. Esse comportamento prejudica tanto nós mesmos, quanto às pessoas que nos amam e estão próximas a nós.
Moisés foi um exemplo de alguém que estava relutante para falar com Faraó sobre a libertação do povo. Ele deu um monte de desculpas, falou que era pesado de língua, que não era capaz. Quando ele aceitou sua missão e se arriscou, Deus fez o resto e ele experimentou isso por todo o resto da sua vida.
Deus quer nos usar para influenciar pessoas, para que tenhamos relacionamentos saudáveis, sem hipocrisia, sem medo.  E que, como corpo que somos, cada um tem o seu papel no reino.

c)    Consigo mesmo – Salmo 139

Talvez este seja o ponto mais importante. É um verdadeiro exercício tentar mudar a visão que temos de nós mesmos. Talvez vamos precisar de ajuda especializada como conselheiros ou psicólogos cristãos e pessoas próximas que podem nos fazer entender quem realmente somos.
Deus nos criou com um temperamento, com características físicas únicas, cor, tudo porque Ele tem um propósito pras nossas vidas. E devemos crer nisso! Talvez nunca sejamos aquilo que queremos ser. Mas devemos buscar ser quem Deus quer que sejamos. Com nossas limitações, nossas qualidades e defeitos, nossos dons e talentos.
Quando entendemos isso, passamos a ter paz, nossa vida ganha propósito, nos aceitamos melhor e seremos mais felizes.

Concluindo...
Devemos pedir ao Senhor sabedoria pra identificar e resolver quais áreas em nossa vida que causam algum tipo de complexo de inferioridade. Deus é poderoso para nos ajudar a ter essa perspectiva e que precisamos lembrar que devemos ocupar nosso pensamento com o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, com virtude, com louvor.





segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

João Batista: Um ministério fracassado!

As pesquisas mostram que o número de evangélicos no Brasil cresce a cada dia. O censo de 2010 divulgou que temos 42 milhões de evangélicos. Esse número deveria vir acompanhado de uma profunda transformação moral e cultural no país. Mas não é isso que acontece! Nos deparamos com um evangelho raso, com uma graça barata e pastores ministérios que só visam o reconhecimento e o sucesso de acordo com o mundo.
Ao longo das eras, Deus levantou profetas que se mantiveram fieis. Homens como Noé, Jeremias, Isaías… Pregaram a palavra por anos, mas o povo não quis ouvir. O próprio Senhor Jesus, não achou fé na sua cidade.
João Batista foi um jovem que se levantou e tinha todas as condições para fazer sucesso. No entanto, ele escolheu o fracasso (aos olhos do mundo) e foi um exemplo de um cristão que cumpriu a vontade de Deus para a sua vida. E para sua morte! Seu ministério e seu caráter nos ensinam a como ser um verdadeiro cristão e um profeta no meio de um mundo corrompido:

1 – Sua missão era mais importante que seu conforto – Mateus 3:1-5
João Batista era um jovem, com todas as oportunidades e anseios de sua idade. Poderia ter um futuro promissor ou se tornar alguém muito influente. Poderia se tornar um respeitado mestre ou um famoso sacerdote. Mas não. Escolheu o deserto. As roupas esquisitas, a comida exótica, a palavra dura. Era alguém separado por Deus. (Lucas 1:15)
Podemos imaginar que ele devia ter questionamentos, hesitação em aceitar essa missão. Mas ele obedeceu!
O cristianismo no Brasil é algo fácil. Por muitas vezes nos tornamos nominais e nos esquecemos da verdadeira missão. Que isso exige renúncia. Carregar a cruz! João Batista fazia isso como ninguém.

2 – Sua vida e seu ministério apontavam para Cristo, não para si mesmo – João 1:19-20;29
A meta de João Batista era preparar o caminho para o Messias. Essa era a razão de sua mensagem. Toda a sua existência se resumia a isso. Uma pregação de arrependimento e endireitamento do caminho. Quando questionado sobre quem era ele, sua confissão era: Eu não sou o Cristo.
João não estava preocupado se iria perder seus discípulos para Jesus. Ao contrário, quando encontrou com ele pôde expressar sem medo: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O verdadeiro cristão tem a mesma missão nos dias de hoje: Nossa vida refletir a Cristo. Nossa fé e nossa santidade não são para nós mesmos. Ela é para mostrar Cristo para o outro. Apresentar o amor e a salvação vinda de Deus para outras pessoas. Essa deve ser a razão da nossa fé e o motivo de nosso ministério. Uma santidade relacional!
E não importa o tipo de ministério. Refletir Cristo na mensagem, no período de louvor, na classe das crianças, na arrumação do salão. TUDO deve apontar pra Cristo!

3 – Sua Pregação era ousada, direta e atingia a todos – Lucas 3:8;10-14;19
Arrependei-vos e convertei-vos. Essa era a mensagem. Não havia rodeios. Não falava de autoajuda nem prometia cura de doenças e prosperidade financeira. Anunciava Jesus e a necessidade do povo mudar de direção. Produzir frutos dignos de arrependimento (vs 8)
Tiago2:14-26, fala que a fé sem obras é morta. Uma fé prática. Era essa a mensagem àqueles homens que o procurava para serem batizados.
A mensagem atingiu a todas as classes de pessoas: A multidão, os publicanos, os soldados e Herodes. (vs 10-14;19)
Na era do politicamente correto, precisamos ter ousadia para denunciar o pecado. Ter coragem para dizer às pessoas que elas precisam mudar. Que existe um inferno, que a prática homossexual é pecado! Isso muitas vezes nos levará ao fracasso (diante dos homens) e precisaremos pagar caro. No caso de João Batista, pagou com a própria vida.
Um jovem que foi um exemplo de coragem e fé!

CONCLUSÃO – Fracasso para os homens, sucesso para Deus – LUCAS 7:24-28
Quando João já estava preso, enviou dois de seus discípulos para confirmar se Jesus era realmente o Messias.
Jesus pôde testemunhar acerca de João Batista para toda a multidão. Um jovem que dedicou sua vida a pregar a vinda do Messias, recebeu testemunho do próprio Cristo dizendo que não havia maior profeta do que João Batista nascido de mulher. E mesmo assim, qualquer um no Reino de Deus era maior que ele.
João Batista foi alguém que poderia muito bem ter usado as palavras de Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Esse é o galardão que aguarda a todos aqueles que foram fieis a seu chamado. Receber do próprio Senhor o reconhecimento e saber que fracassar aos olhos do mundo é sucesso diante de Deus.
Fazer parte de um ministério, seja qual for, não implica em fazer sucesso e ter um grande público aplaudindo. Importa em ser como João que abriu mão de sua vida pelo reino, não buscava os holofotes para si mesmo e com ousadia, anunciava a tão grande salvação de Jesus.
Que cumpramos o mesmo papel de João Batista (Lucas 1:76-79):Preparar os caminhos, dar ao povo conhecimento da salvação, alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte e dirigir os pés pelos caminhos da paz.

Quer saber mais sobre Ministérios Fracassados? Assista o vídeo abaixo e ouça o podcast do BTCAST sobre o assunto.


Documentário Ministérios Fracassados:




















quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

NÃO ENSINAR E NÃO APRENDER: UMA REFLEXÃO SOBRE BOLOS, ABOBRINHAS E O ENSINO BÍBLICO NAS IGREJAS EVANGÉLICAS

Não sou alguém dotado de habilidades culinárias extraordinárias, mas nestes últimos dias tenho me aventurado à beira do fogão. Pra isso, troquei inúmeras receitas com amigos e colegas de trabalho, e também procurei na internet vídeo-aulas de culinária, onde as receitas são apresentadas de forma tão clara e simples garantindo, até mesmo a mim, sucesso absoluto em meus projetos gourmet!

Ao saborear alguns pratos, percebi que é possível aprender, de fato, a cozinhar! Mas também refleti como a didática é importante para tal aprendizado, pois não basta ter a receita em mãos! Ao ouvir as explicações pausadas e detalhadas de quem já executou a receita, você adquire conhecimentos imprescindíveis para alcançar seu objetivo! A forma como a receita lhe é exposta faz toda a diferença pra que você aprenda aquele conteúdo e sua atividade culinária não seja frustrada.

Sabendo disso, fiz algumas considerações e gostaria de fazer uma ilustração de como NÃO ENSINAR e NÃO APRENDER a cozinhar. Vamos imaginar que nos inscrevemos para uma aula de culinária, com duração de aproximadamente uma hora e quinze minutos, em que a receita sugerida é a de um bolo de banana com canela.

Ao chegar ao local do evento, você observa a existência de uma estrutura especialmente montada para aquela aula. O ambiente é climatizado, uma cozinha com todos os seus equipamentos e utensílios foi organizada em cima do palco, e as cadeiras dos participantes do curso foram dispostas ao redor deste espaço. Antes de conseguir se acomodar, ainda na porta de entrada, você recebe uma guia com toda a programação, apontando o tema da aula, o tempo de duração e o professor responsável. Também recebe uma caneta e um caderno de receitas personalizado, que têm a função de te animar e torna-lo mais receptivo à aula. Quando você finalmente consegue se sentar, avista de longe o professor que dará a aula. Observe, ele está vestido a caráter: avental, luvas, chapéu de cozinheiro, etc. Ele também tem à disposição  recursos audiovisuais para auxiliá-lo na exposição da aula, e como tem pouco tempo para isso, já trouxe um bolo pronto, para que não haja necessidade de esperar o tempo do bolo no forno. Você continua muito animado! Parece que tudo irá colaborar pra que você aprenda os segredos do melhor bolo de banana com canela do mundo!

Com alguns minutinhos de atraso, o organizador do curso pega o microfone e dá as boas – vindas aos futuros cozinheiros. Salienta que o auditório está lotado, e que esta experiência será de grande valor pra todos ali presentes. Neste momento, ao invés de apresentar o professor e dar-lhe a palavra para iniciar a aula, o organizador convoca ao palco alguns colaboradores do evento responsáveis em apresentar a vocês assuntos sobre os quais você precisa ter conhecimento prévio pra que compreenda melhor o conteúdo que será exposto na aula. Tudo bem! Você acredita que talvez eles irão dizer algo sobre os diferentes tipos de banana, e qual a melhor para aquela receita. Ou, quem sabe, irão indicar uma marca de canela mais suave. Ou, até mesmo, podem tentar explicar porque o forno necessita ser pré-aquecido a 180º antes de colocarmos o bolo para assar. Mas você se surpreende quando, de repente, eles começam a falar sobre como a mãe deles cozinhava bem, ou como a receita de salmão assado mudou a vida deles, ou qual e quando será o próximo curso. E lá se foram 25 minutos da aula...

Finalmente, a palavra é dada ao professor e você aguarda ansiosamente, pra absorver todo aquele conhecimento. A primeira imagem projetada é a de uma casinha no campo. E ele começa a tão esperada aula:
“ – Esta aula irá trazer à sua memória, aquelas lembranças de criança visitando os avós na casa da roça! Quem se lembra daquele bolinho de banana com canela com um cafezinho da vovó?”
O que ele fez? Mexeu com seu emocional. Fez você voltar à infância e reviver, sentir o cheiro do café e o gosto do bolo da vovó! Você se ajeita na cadeira e pensa: “- Esta aula será maravilhosa!” E ele continua:
“- Trataremos aqui de uma receita que todos já conhecem, mas hoje vocês aprenderão segredos importantíssimos no preparo deste bolo, e sairão daqui aptos, inclusive, a ensinar outros como fazê-lo”. Vamos primeiro aos ingredientes:
  • 3 bananas nanicas amassadas
  • 4 xícaras de trigo...

Você tem a receita em mãos, pois está impressa na programação, mas está aguardando as orientações e os “segredos” prometidos a você para que tenha sucesso no aprendizado. É quando o professor faz uma pausa, um suspense e abre um parêntese:

“ – as xícaras correspondem as xícaras de chá, e não de café. Tenho na minha casa xícaras brancas, com filetes dourados que uso especialmente para esta receita. Há pessoas que preferem xícaras estampadas com flores, mas eu não! Flores só mesmo aquelas que plantei nesta semana no meu jardim! Aquelas sim! São lindas... na verdade, seriam lindas porque morreram por falta de água. Afinal, houve falta de água em meu condomínio, pois os moradores não foram conscientes no uso da água, utilizando a piscina diversas vezes e lavando calçadas com mangueiras. É um absurdo! Continuando a receitas:”
  • 3 ovos
  • 1 colher de óleo (se vocês quiserem podem usar azeite também, pois fica uma receita mais leve. E todos nós temos buscado receitas leves ultimamente. Porque a obesidade é um problema grave no nosso país. Tenho uma tia que sofria de obesidade mórbida, e teve muitos problemas de saúde por causa disto. Na verdade, também tenho uma outra tia que sempre foi muito magra, e acabou falecendo antes que esta tia obesa. Porque, como diz aquele ditado...é... como é mesmo? Ah, sim... pra morrer, basta estar vivo!)

O auditório inteiro gargalha ao ouvir as considerações do professor, e neste momento, todos já o elogiam por ser tão carismático. Entretanto, você ainda aguarda ouvir os segredos prometidos por ele no início da aula. E ele segue com a receita:
  • 1 colher de chá de bicarbonato
  • 1 punhado de açúcar
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher de sopa cheia de fermento em pó
  • Canela a gosto (quando digo canela a gosto, quero dizer que cada um pode definir a quantidade de canela a ser acrescentada no bolo. Realmente não cabe a mim, determinar qual a quantidade ideal, pois cada um tem um paladar. Não posso desrespeitar isso, pois desrespeito é algo com o que já temos que conviver muito nos dias atuais. As pessoas não respeitam opiniões, opções religiosas, time de futebol. Falando em futebol, e o Flamengo ontem, hein?! Pensei que não fosse dar pra virar, mas nos quarenta e cinco do segundo tempo... conseguimos! Mengão, eô, mengão eô! Quem é flamengo, grita comigo! Mengão, eô, mengão, eô!)

Quando você percebe, todos os participantes do curso estão de pé, pulando e gritando o grito de guerra do Flamengo. Você fica meio confuso, afinal, é uma aula de culinária, e não um jogo de futebol. Mas, finalmente ele acabou de passar os ingredientes, e agora partirá  para o Modo de Fazer, que é a parte  mais interessante e cheia de detalhes importantes. Você dispõe sua caneta para fazer anotações, e ajuda a pedir silêncio aos outros para que a aula continue. Neste momento, o professor olha no relógio e percebe que 40 minutos já se passaram, e ele precisa adiantar a aula para cumprir a proposta de 1h e 15 minutos:

“– O modo de fazer é bem simples! Precisamos misturar todos os ingredientes em uma vasilha... na ordem em que foram escritos... bem... não necessariamente na ordem... uns preferem bater a clara em neve primeira, outros começam pelo trigo. Bem, não há muitas regras para o modo de fazer! Misturamos os ingredientes, untamos a fôrma e colocamos para assar a 200°. Eu trouxe aqui um bolo já pronto, e servirei pra vocês com um cafezinho agora ao final. Mas o mais importante mesmo, é que vocês não desistam de serem bons cozinheiros! Vocês conseguem! Vocês podem! Vocês são capazes! Quantos de vocês acreditavam que estariam aqui hoje? Quantos gostariam de estar aqui no lugar de vocês? Vocês entenderam o recado, agora é só irem pra casa e colocarem em prática tudo que vocês aprenderam hoje! Cozinhar é uma arte!”

Os alunos aplaudem o professor de pé! Alguns até limpam as lágrimas após ouvir tantas palavras de incentivo. Mas você está boquiaberto! Ainda com a caneta na mão... aguardando aprender algo novo, algo útil, algo que o ajude a cozinhar! O organizador do curso novamente toma a palavra, e agradece a todos os participantes pela presença, desejando que todo aquele conteúdo aprendido ali seja utilizado por todos. Ele ainda lembra a vocês, que na próxima semana, haverá outro curso com outro professor famoso, mas desta vez o tema será  Abobrinha recheada. Vocês  não podem perder!

As pessoas começam a sair do recinto, e você tem que fazer o mesmo! Ainda meio confuso você ouve o papo de duas delas que vão caminhando à sua frente:

“– Que aula fantástica! Voltarei na próxima semana, com certeza! O ambiente é muito bom, o organizador e os colaboradores são ótimos e o professor é espetacular!”

Você não compreende muito bem, não suporta se calar, e então pergunta:

“– Desculpe-me, vocês conseguiram aprender a fazer o bolo de banana com canela?”

Elas franzem a testa e respondem:

“– Bolo? Pensamos que a receita de hoje era de abobrinha! Aquela servida em xícaras floridas nas comemorações da vitória do Flamengo, mas que somente obesos podem comer, porque os magros coitados, basta estarem vivos pra morrerem!”

Você dá um sorriso sem graça, despede-se e vai pra casa, procurar em livros de receita ou na internet, alguma aulinha sobre Bolos de banana com canela.

Reflexão: O ensino bíblico em grande parte das comunidades cristãs tem se configurado como este curso de culinária. Inicialmente, grande parte do tempo é gasto com músicas desconexas e de teologia duvidosa, além de textos bíblicos aleatórios e descontextualizados. Quando a palavra é passada ao pregador, que muitas vezes tem postura e indumentária diferenciados, ele lê um texto e começa a fazer considerações que nada tem haver com os versículos bíblicos. Fala de política, de família, de moral, de ética, de ditados populares... Só não fala do texto! E para encerrar, fala algumas frases de auto-ajuda para os cristãos e faz apelo à conversão dos incrédulos. Ao final, na oração para o término, o irmão designado para esta tarefa, agradece ao Senhor pela palavra pregada, e pede que ela encontre terreno fértil nos corações ali presentes.  E os ouvintes, que somos nós, o que fazem? Muitos continuam frequentando as reuniões por hábito, mas nada sabem sobre o que é ensinado, e mantêm-se meninos na fé. Outros, poucos, inconformados, procuram em outras fontes, como livros de autores cristãos e programas de internet algum conteúdo que lhes preencham essa lacuna. O que fazer diante desta realidade tão triste? Já é hora de voltar à Palavra!