segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O passeio de Pedrinho

Era uma bela manhã de domingo quando, de repente, Pedrinho pulou da sua cama, assustado e correu até a cozinha, onde sua mãe estava.
— Mãe! Mãe! É hoje o dia, não é mesmo?
— Sim meu filho. Hoje vamos à cidade. – Disse sua mãe não muito animada com a ideia. Há muito tempo havia prometido levar seu filho em um passeio.
Enquanto sua mãe adiantava o almoço, Pedrinho colocou sua melhor roupa, penteou seu cabelo, calçou sua única sandália e mastigou rapidamente um pedaço de pão. Ele não sabia que aquele dia seria tão especial.
— O que você está fazendo, mãe? — Perguntou com seu ar curioso de sempre
— Menino curioso. É Comida!
Pedrinho insistiu algumas vezes sem sucesso. Desistiu e ficou esperando sua mãe terminar os afazeres de casa para finalmente irem à cidade.
Saíram de casa e caminharam alguns quilômetros até chegarem a seu destino. Chegando lá, sua mãe lhe contou que eles iriam fazer um delicioso piquenique às margens do grande lago da cidade.
Pedrinho ficou radiante com a ideia e logo tratou de procurar uma sombra pra que eles pudessem passar aqueles momentos agradáveis.
Logo que se aproximaram do lago, viram que havia um grande tumulto por ali. Alguma coisa estava acontecendo! Não acharam nenhum lugar para ficar.
Pedrinho, curioso como sempre, quis saber o que estava acontecendo e já ia se misturando à multidão, quando sua mãe gritou:
— Pedrinho! Volte aqui, menino!
— Vou ali, rapidinho.
De repente, o menino sumiu. A mãe aflita começou a procura-lo no meio da multidão, sem sucesso. Alguns minutos depois, volta Pedrinho gritando:
— Mãe! Mãe! Me dá nosso lanche. Já volto!
— O que está aprontando? Vai apanhar, hein.
— Eu não entendi muito bem, mas tem um moço querendo nosso lanche. Vamos!
— Vou com você. Dessa vez você não foge mais de mim.
Chegando lá, eles foram apresentados a um jovem, de uns trinta e poucos anos. Ele olhou para Pedrinho e disse:
— Pedrinho é seu nome, não é?
— Sim. Sou eu mesmo. Fiquei sabendo que você quer um pouco do meu lanche.
— Quero. Mas tem que ser ele todo.
— Está bem. Pode ficar. Minha mãe e eu íamos fazer um piquenique, mas deixa pra outra hora. Você deve estar com fome.
— O que você tem pra comer?
— Cinco pães e dois peixinhos. Não é muito, mas foi minha mãe que preparou. Deve estar gostoso!
Naquele momento, aquele jovem encheu os olhos de lágrima em ver a bondade de Pedrinho. Pois o gesto daquele menino, naquele dia, alimentou uma grande multidão.
Pedrinho e sua mãe fizeram seu piquenique na companhia daquele jovem. E descobriram que aquele encontro mudaria a vida deles para sempre. Afinal, naquela bela manhã de domingo, eles tiveram um encontro com certo jovem chamado Jesus.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mas eu não fiz nada

Mais um dia. Tempo de agradecer por estar vivo, por ter um emprego. Por ter um lar, amigos...
Mas eu não fiz nada.

Terminal cheio. Pessoas apressadas indo trabalhar esperando por um bom dia, por um sorriso...Quantas necessidades!Muitos anseios.
Mas eu não fiz nada.
Vejo um homem revirando o lixo. Encontra um resto de café e o que parece ser um pedaço de biscoito. Aquele é o seu café da manhã! Não tem uma mesa posta. Sem talheres, nem um pão quentinho com um belo pedaço de queijo. Apenas lixo.
Mas eu não fiz nada.
Aí me lembro daquele que, tendo e sendo todas as coisas, se esvaziou a nada e se entregou para que um dia pudéssemos ter tudo.
Fez isso para que hoje possamos compartilhar do muito que temos àqueles que não tem nada. Uma comida, um sorriso, um bom dia. Compartilhar Jesus.
Porque ele fez tudo. Mesmo eu não tendo feito nada.




domingo, 17 de agosto de 2014

Quando as máscaras caem

Desde pequeno estive no templo e aprendi todas as verdades sobre Deus relatada por Moisés e os profetas através das santas escrituras. Criação rígida, iniciado na escola farisaica com os melhores professores.
Aprendi que era superior àqueles que não possuíam tal ensinamento. Ser fariseu sempre foi sinal de destaque perante a sociedade. Afinal, somos os doutores, autoridades máximas do entendimento das escrituras e nos orgulhamos disso.

Com meu próprio esforço e um pouco de carisma, me tornei o líder deles. Um príncipe!
Pobres viúvas! Pobres fariseus! - eu achava. No templo, julgava que eu era a referência de alguém que cumpria todos os mandamentos. Sobre um pedestal, ficava inconformado porque algumas pessoas não eram como eu. Seria tão difícil assim? Lhes faltava inteligência?

Até que certo dia ouvi comentários sobre um jovem mestre que ensinava sobre Deus e realizava muitos milagres. O ouvi algumas vezes no templo.Sua ousadia em quebrar algumas tradições me deixou furioso. Como alguém pode fazer algo no sábado? Ele até falava com mulheres.
Mas essa fúria se tornou em curiosidade. Precisava vê-lo mas, devido a minha posição, não poderia jamais aparecer em público ao seu lado. Até porque poderia receber represálias da alta cúpula farisaica. Resolvi marcar a noite, em um lugar de pouca movimentação. Pedi a um mensageiro que desse o recado e o mestre Jesus prontamente me atendeu.

Com toda minha arrogância quis testa-lo, perguntando sobre sua autoridade para falar em nome de Deus. Queria que ele fosse desmascarado! Estava certo que ganharia aquele debate, pois não havia mestre maior que eu. Mas estava completamente enganado.

A verdade que o mestre me revelou naquela noite foi muito perturbadora. Sua resposta foi: "Importa que você nasça de novo".
Depois de uma longa conversa percebi algo que mudou minha vida. Tudo aquilo que eu havia construído, minha educação, minha posição não eram suficientes para chegar até Deus. Tantos anos jogados fora. Quantas orações não ouvidas? Quanta reprovação de Deus? Descobri que eu não era nada. Minhas máscaras haviam caído. Uma vida de fingimento perante Deus e agora já não me restava mais nada.

Mas aquele encontro não havia terminado. Descobri que estava face a face com o Filho de Deus. O messias anunciado pelos profetas. Ele me restaurou e me deu uma nova chance. Pude nascer de novo. E agora para uma nova vida. Uma vida eterna!

Não sei como será minha vida daqui pra frente. Continuo tendo minha posição e não posso sair agora. Sei que este dia chegará em breve.

Nicodemos

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Da magia à esperança

Procurávamos há bastante tempo aquele sinal. Finalmente o resultado de várias noites debruçado sob os pergaminhos. Profecias que falavam da chegada daquele nascido para reinar.  Era uma estrela intensa e brilhante. Tinha a aparência de uma lua cheia.

Rapidamente preparamos nossos jumentos, carregamos mantimentos e partimos para uma viagem cheia de incertezas. Mas o que encontramos foi a mais maravilhosa experiência de nossas vidas.
Seguimos aquela estrela até chegar a Jerusalém. Lá, solicitamos uma audiência com o governador Herodes, que se mostrou interessado demais. Tivemos ajuda dos lideres religiosos, que nos auxiliaram a decifrar as profecias e indicava o nascimento do messias para Belém, uma cidadezinha sem importância.

No caminho, novamente fomos guiados por aquela estrela. Parecia um sinal. Como se o próprio Deus quisesse que encontrássemos aquela criança.

Chegamos a uma casa e encontramos a mãe com a criança no colo. Quando vi aquele bebê me derramei em lágrimas. Prostrei diante dele. Não me contive e pedi para pegá-lo. Compreendi que, aquelas profecias não eram apenas sobre um rei. Era o próprio Deus encarnado diante de nós. O salvador que daria esperança a humanidade.


Foram horas agradáveis em conversa com Maria e José. Eles nos contaram com detalhes tudo o que havia acontecido com eles. Ao final da conversa, entregamos os presentes: ouro, incenso e mirra. Nos despedimos e seguimos nosso caminho, com nossos corações maravilhados por ter contemplado o messias, o milagre de Deus para todos nós.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Carta de Despedida

O que acabei de fazer hoje não tem volta. 

Tudo foi planejado e executado com perfeição. Sem alarde, sem suspeitas. Não sei se ele percebeu. 
Perdão à minha família. Não vou mais ver vocês. Mãe, certa vez disse a você que estava saindo de casa pra mudar o mundo, torna-lo melhor. Que encontrei um amigo que disse coisas revolucionárias! E passei a segui-lo.

Hoje conserto a bobagem que fiz. Não vou mais sofrer com isso. Estou aflito e, no meu coração não encontro perdão.

De madrugada, levei os homens para onde ele estava. O beijei e, naquele momento, vi seu olhar de compaixão para  comigo. Daqueles olhares que vi ele tendo por ladrões, samaritanos, publicanos e prostitutas. Parece que ele queria me dizer alguma coisa. Nunca vou saber. Não porque ele não quer, mas porque acho que não mereço.

Acabei de saber que o condenaram a morte. Meu Deus! O que fiz? A culpa foi toda minha! Não quis aquele dinheiro maldito. E mesmo assim minha culpa não vai embora.

Estou indo acabar com minha vida. Que minha história não seja lembrada. E que o mestre se livre da condenação. Não sei se ele é aquilo que diz ser. Não consigo acreditar naquelas palavras. Vou resolver do meu jeito.

Perdão mãe. Te amo.
Seu filho, Judas.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Da Frigideira para o Fogo

Dia estranho e maravilhoso hoje!

Acordei com batidas na porta e rapidamente descobri que eu e meus amigos tínhamos uma audiência com o rei.


Imaginava que isso iria acontecer. Afinal, fizemos um pacto que correríamos o risco juntos e pensava que aquele seria o fim.

Confesso que não tive a coragem de meu amigo. Ele disse duras verdades ao rei e só piorou a situação. Acho que depois de hoje não terei mais esse medo de falar!

Ouvimos nossa sentença perante um rei furioso. Mas nos mantivemos firmes! Fomos conduzidos ao nosso destino. Fiquei triste porque pessoas morreram antes de nós apenas para cumprir uma ordem do rei.

Foram momentos de angústia. Por um instante, pensei em voltar atrás. Mas sabia que precisava continuar caminhando em direção a nosso destino.

Trêmulos, continuamos em frente. Era uma sensação de morte. Uma pequena fagulha daquilo que deve ser o inferno. Fomos jogados em direção aquela fornalha. Fechei meus olhos, esperando meu corpo ser queimado e ao mesmo tempo preocupado quando não ouvi mais meus amigos. Seria uma morte rápida e silenciosa!

De repente, ouvi uma voz dizendo: Filho, não temas! Eu estou com vocês! Abri meus olhos acreditando que estava no céu. Mas quando olhei, havia fogo por todos os lados. Vi meus amigos.Vivos! Corri para os abraçar. E, nessa hora apenas, percebi que não estávamos sozinhos. Uma doce presença tomou conta daquele lugar. Seu nome? Maravilhoso.

Dentro daquela fornalha, aquele homem nos falou de coisas grandiosas do passado e do futuro. Algo que guardarei no íntimo do meu coração.

Nesse momento ouvi alguém nos chamando: Era o próprio rei! Nos tiraram daquele lugar horrível e descobrimos que não fomos os únicos que haviam visto aquele homem na fornalha. Milagres aconteceram naquele lugar! E na vida do rei. E também na nossa.

Quanto a nós? Ganhamos vestes novas e limpas e fomos promovidos. Agora somos autoridades nesse reino.

Já é noite. E confesso que, ao lembrar de tudo que aconteceu, não consigo dormir. Mas nunca vou esquecer do rosto daquele homem. E sua suave voz dizendo: Não temas!

Mesaque

Babilônia.




terça-feira, 6 de maio de 2014

Ruína dos Porcos


Não sei como começou. Deixei levar. Enganado pela promessa de uma felicidade vã.
Tudo ficou diferente. Fui tomado por um vazio, um frio, sensação de morte.

Aos poucos, meus pensamentos foram enveredados por lembranças horríveis! Coisas que nem ouso repetir. Sufocado pela dor e pelo desespero. Enxergava apenas um lago de fogo ardendo em minha volta. Ouvia gritos. Eram homens e mulheres que clamavam por algo que não mais podiam ter.

Perdi o controle sobre minha mente e sobre o meu corpo. Me prenderam, me humilharam, zombaram de minha condição. Minha família me abandonou. Busquei a morte e não a encontrei! Dia e noite gritei e clamei nos sepulcros, onde fiz minha morada. Machucado, aflito, cego e nu.

Mas, eis que em uma manhã, olho para o mar e vejo um barquinho. De lá saiu uma luz muito forte. Corri em sua direção, pois já há muito tempo não via nenhum brilho, só trevas. Aproximei-me e ouvi uma voz tão doce, que dizia: Não temas! 

Aquele momento foi como renascer. Uma paz inundou minha alma e toda aquela aflição se dissipou. Fui tomado por uma alegria indescritível. 
Mas quando olhei para o lado, vi porcos. Centenas deles caindo pelo precipício como loucos. Foi aí que percebi que estava exatamente como eles, sem direção, rumo ao precipício.

Ao ver aquela cena, chorei! Poderia ser eu! Mas aquele homem mudou minha vida e minha história. De repente vi que ele não estava sozinho naquele barco. Me deram roupas, calçado, comida...Recuperaram minha dignidade!
Em um momento de ímpeto, entrei naquele barco, pois nunca mais queria me afastar daquela luz. Ele não deixou. Mandou que eu voltasse para os meus. Que eu proclamasse por toda a cidade quem era aquela luz. E o seu nome era Jesus.

Agora grito, não mais de dor. Mas proclamo em cada canto, que encontrei o salvador. E sigo meu caminho, sabendo que nunca mais serei vítima daquele que provocou a ruína dos porcos. Infelizmente, eles não serão suas últimas vítimas.